Consignação da Obra de Construção do Novo Lar da 3ª Idade de Aljustrel que ocorreu no passado dia 01 de Setembro de 2011

Discurso proferido pelo Sr. Provedor

  Exmos. Senhores Presidentes da Câmara Municipal e Assembleia Municipal, Senhores Vereadores, Senhores Presidentes das Juntas de Freguesia do Concelho, Sr. Pároco de Aljustrel, Sr.ª. Coordenadora do Centro de Saúde de Aljustrel, Sr. Presidente da Direção dos Bombeiros de Aljustrel, Caros Colegas dos Corpos Sociais da Misericórdia e Caros Funcionários, Utentes e Sócios, Srs. e Sras. da Comunicação Social, Caros Convidados, minhas Senhoras e meus Senhores.

  Acabámos de proceder à assinatura do ato de consignação da obra de construção do novo lar da 3.ª Idade de Aljustrel.

  Foi um ato, que se reveste da maior importância para a santa casa, em si mesmo carregado de indiscutível simbolismo. Mas apesar disso que representa algo mais. Falo, da política de Acão social, falo do humanismo, falo de solidariedade.

  Não admira, portanto, que as minhas palavras, por simples que sejam, e pretendo que sejam simples, venham carregadas de sinceridade e até de uma ponta de emoção.

  Satisfaz-me, particularmente, participar nesta cerimónia. Como provedor da santa casa, como vereador, e como munícipe que também sou, congratulo-me com a razão que hoje aqui nos reúne. Este sentimento de muito agrado justifica-se por várias razões.

  Hoje é, certamente, um dia que ficará na memória de todos os presentes, mas também do povo de Aljustrel. Damos hoje, depois de tantos anos de persistência, de trabalho e dedicação, mais um passo rumo ao futuro.

  Não foi um processo fácil, ou de concretização rápida. Pelo contrário, não foram poucos os escolhos, as hesitações e mesmo os receios.

  Mas não admira que assim tivesse sido.

  Em primeiro lugar foi necessário arranjar um terreno, e aqui por obediência a um princípio de elementar justiça, quero agradecer à Câmara Municipal, presidida na altura pelo senhor doutor José Godinho, que de imediato pôs à disposição da santa casa, os terrenos de que a câmara dispunha com condições para o efeito.

  A escritura de doação foi concretizada sendo presidente da câmara o Sr. engenheiro Manuel Camacho.

  Em segundo lugar foi necessário proceder à elaboração dos projetos técnicos.

  Em terceiro lugar foi e é necessário arranjar verbas para fazer face a um investimento da ordem dos 4 milhões de euros, e isto meus senhores e minhas senhoras, como calculam não é tarefa fácil.

  Estamos a desenvolver todos os esforços, a mobilizar as vontades necessárias, e estamos certos que Aljustrel saberá mais uma vez corresponder e de forma responsável e consciente; acredito que o vamos conseguir.

  Isto, porque já foi possível garantir um financiamento proveniente de fundos comunitários da ordem de 1750000 euros e aqui desejaria prestar o meu reconhecimento público ao senhor Fernando Caeiros, que representa atualmente os municípios no órgão que gere os fundos do QREN no Alentejo e Lezíria, porque estou certo a sua abnegação e empenho foram, sem dúvida, cruciais para o sucesso da candidatura apresentada pela misericórdia.

  Efetuámos uma candidatura a um empréstimo de 250000 mil euros através da linha BEI a ser liquidado em condições bastante favoráveis, o qual estamos convictos será concedido.

  Por outro lado, dispomos de alguns fundos próprios, e já temos acordada a alienação de alguns bens imóveis, propriedade da misericórdia, que igualmente nos permitirá arrecadar um montante significativo.

  A Câmara Municipal já deliberou cofinanciar o nosso projeto com 250 mil euros, o que muito agradecemos. É mais um importante contributo e atribui-lhe a condição de parceira na concretização deste sonho.

  Vamos continuar a caminhar em conjunto, como não poderia deixar de ser, porque só assim poderemos alcançar os nossos sonhos, os nossos objetivos.

  Acredito que a concretização deste sonho só é possível porque foi sonhado por muita gente. E porque é a união que faz a força, peço-vos que continuemos a sonhar. Por esta instituição, mas sobretudo por este concelho.

  Aprendi que a realidade ultrapassa por vezes a nossa imaginação, mas também que as nossas convicções, a nossa criatividade, a capacidade de prever e de programar e de mobilizar vontades e competências pode moldar os contornos do futuro.

  É preciso ser utópico hoje para poder dispor do melhor leque de opções possível, quando amanhã se tornar necessário ser realista.

  O homem sempre sonhou. Citando o poeta António Gedeão "o sonho comanda a vida". E a utopia é a forma mais ou menos realista do sonho.

  A caminhada, esta, bem sei que será longa, mas também estou certo que será mais enriquecedora, mais apelativa, mas proveitosa e mais gratificante. E se o será para nós, imaginem o quão será especial para os nossos utentes, para as suas famílias e, sobretudo, para a população, que vê a sua terra evoluir, tendo condições para acolher os que mais precisam com condições cada vez mais dignas. No fundo mais não pretendemos que desenvolver as linhas de força que traduzem os princípios bases de toda a Acão em defesa do homem: humanismo e solidariedade.

  Por outro lado, a concretização de um empreendimento como este, também tem reflexos num especto essencial e que por vezes fica na penumbra. Refiro-me à contribuição decisiva que também por esta via a misericórdia dá à tarefa ingente de combate ao desemprego.

  A política de Acão social é uma política integrada e global e não uma política pontual. Um dos flagelos que não escapam a essa visão global da Acão social é precisamente o desemprego.

  Esta obra durante a sua execução, empregará pessoas do concelho direta e indiretamente através de trabalhos adjudicados ou de fornecimentos a empresas locais. Mais, por altura da entrada em funcionamento do novo lar, mais postos de trabalho permanentes serão criados.

  Eis uma dimensão, embora modesta, mas que deve ser destacada a da política de Acão social como criadora de postos de trabalho.

  A título meramente informativo, à presente data, o número de pessoas a laborar na misericórdia, entre trabalhadores do quadro, contratados, estagiários, voluntários e em outras situações aproxima-se dos 100.

  Perdoar-me-ão aqueles que ficam justificadamente alarmados quando se fala de números, mas não posso deixar, embora em resumo, de divulgar alguns dados estatísticos.

  É o caso das taxas de cobertura da misericórdia em relação à infância, aos idosos e aos tempos livres das crianças. Assim relativamente a 2011: no que se refere a crianças dos 0 aos 5 anos prestamos apoio a cerca de 140; quanto aos ATL's são cerca de 30 as crianças que os frequentam; no que se refere a idosos temos em lar 67, no centro de dia 8, no apoio domiciliário 40 e no apoio domiciliário integrado 2. No âmbito da intervenção precoce prestamos apoio a cerca de 80 crianças provenientes dos concelhos de Aljustrel e Ferreira do Alentejo.

  Estamos a fazer história numa terra com história. E isto, minhas senhoras e meus senhores, é motivo de orgulho e satisfação, mas, sobretudo, é motivo de responsabilidade.

  Fizemos história quando em 1975 um grupo de homens e mulheres de Aljustrel sob a coordenação do Sr. Cardoso Ferreira, Delegado de Saúde, criou um Lar para a terceira idade. Em 1977 foi reestruturada a Santa Casa da Misericórdia de Aljustrel, tendo passado a gestão do Lar para a sua responsabilidade. E aqui permitam-me referir o Sr. Fernando José da Conceição Conduto, primeiro Provedor desta nova era da nossa Instituição, que ainda hoje continua a dar o seu melhor em prol desta causa, embora em outras funções.

  Esta é uma terra que soube lutar por melhores condições de vida, que não se resignou perante as dificuldades e que sempre soube fazer de cada obstáculo uma oportunidade. É uma terra de gente de luta, de gente de princípios e valores. É uma terra que se orgulha do seu passado. É uma terra que tem memória e, deste modo, é impossível esquecer as inúmeras dificuldades por que este povo passou. Sabemos bem que nesta terra cada conquista significa muito. Sabemos bem o quanto custou a liberdade. E sabemos que foi dos ideais de homens e mulheres, que embora oprimidos por um regime prepotente, que se construiu uma identidade muito própria, que, ano após ano, geração após geração, perdura. Conseguirmos mais esta conquista para a nossa terra só pode significar que valeu a pena o esforço, que valerá sempre a pena porque, como diz o ditado, vale sempre a pena quando a alma não é pequena. E a alma desta terra, como todos nós sabemos, é imensa.

  O novo lar a erigir reveste-se, por tudo o que já disse anteriormente, de enorme significado. Mas o mais importante é que este vai ser um lar com condições de excelência, com instalações adequadas às necessidades dos nossos idosos. Será uma casa que proporcionará uma vida ainda mais plena. Uma casa que será equipada com materiais de qualidade, com apetrechamentos de ponta.

  Importa agora olhar para o futuro numa ótica de qualidade.

  Porque é na qualidade que hoje nos devemos concentrar.

  Ali os nossos idosos irão ter todas as condições. Terão todo o apoio. Poderemos, finalmente, melhorar os nossos serviços e dar o que de melhor existe a quem nos procura.

  Estamos certos que com a construção desta nova infraestrutura este desejo será uma realidade. Acreditamos que esta será uma casa de afetos, onde cada um dará o melhor de si, cativando o próximo, mas sobretudo respeitando-o.

  Repito: hoje fez-se história numa terra com história e a nossa missão será procurar o melhor para as gentes desta terra, para que, no futuro, os meninos e meninas que amanhã serão os homens e mulheres deste concelho se orgulhem como nós nos orgulhamos do nosso passado.

  Importa pois, e para concluir, que todos nos empenhemos decisiva e irreversivelmente neste projeto.

Estou certo do seu sucesso que é minha convicção constituir um exemplo a seguir. Por isso, da parte da misericórdia, tudo faremos no sentido da sensibilização de todas as partes intervenientes para que nos dêem a maior colaboração porque o que está em causa é a melhoria da qualidade de vida de todos.

  Ao senhor presidente da câmara o reconhecimento da disponibilidade e apoio que nos tem dado. De igual modo quero reconhecer a excelente colaboração da equipa projetista nas pessoas, da senhora arquiteta Francisca Romão e do Sr. Engenheiro Paulo Felizardo.

  E igualmente, uma palavra de sincero apreço aos meus colegas dos corpos sociais e aos funcionários da santa casa em particular, à senhora doutora Maria da Conceição Messias Raposo Vilhena, que não têm poupado esforços para a concretização do objetivo que nos propusemos, construção de um novo lar em Aljustrel.

  Ao empreiteiro Construções Torrão, representada pelo Sr. Sérgio Torrão aqui presente, também os meus agradecimentos e o meu desejo de que ponha aqui todo o seu empenho pessoal e competência profissional para a concretização deste nosso projeto.

  À equipa de fiscalização EEAL os meus votos de um bom e profícuo trabalho.

  Como um todo é ao serviço dos cidadãos que nos encontramos e é para eles que devemos trabalhar.

  Convido-vos a todos para viverem connosco intensamente o presente e sonharem connosco com entusiasmo o futuro.

  A todos cumprimento e renovo os agradecimentos em meu nome pessoal e da misericórdia de Aljustrel pela vossa presença nesta cerimónia.

  A concluir, portanto, apenas uma frase: "Mãos à obra".

  Muito obrigado!